Plataformas inteligentes apontam melhor conduta

Um ambiente de computação em nuvem, algoritmos de inteligência artificial e
aprendizado de máquina formam o tripé das plataformas tecnológicas aplicadas na
área de saúde com o objetivo de aumentar a precisão dos diagnósticos e suportar
as condutas médicas para tratamento de doenças.

O ponto de partida para eficácia dessas ferramentas é a consolidação dos dados
gerados nos exames, assim como de outras informações espalhadas por unidades
de saúde, para que os médicos tenham acesso em tempo real ao histórico dos
pacientes e possam prestar o que no setor se chama de atendimento personalizado.

Por esse motivo, a aplicação das soluções tecnológicas vai muito além da medicina
diagnóstica. Os projetos desenvolvidos visam parcerias entre laboratórios que
realizam exames e as instituições médicas que assistem o paciente para popularizar
o uso das soluções no mercado. A Roche Diagnóstica, por exemplo, busca novas
parcerias na especialidade oncológica.

Há dois anos, a empresa introduziu no mercado brasileiro a plataforma Navify, já
utilizada em 21 países, que foi desenvolvida para organizar as reuniões
multidisciplinares que a equipe médica de hospitais realiza periodicamente para
avaliar o quadro clínico dos pacientes submetidos ao tratamento de câncer.

Com equipamentos conectados à internet, os especialistas digitam login e senha e
acessam as informações que estão disponíveis na nuvem da Amazon Web Service
(AWS), explica Fabiano Colella, líder de Navify da Roche Diagnóstica. Isso permite
avaliar número maior de casos a cada reunião.

A plataforma Navify já vem sendo utilizada em algumas unidades hospitalares. No
Hospital de Amor de Barretos (SP), tornou mais rápida a triagem de pacientes que
chegam com diagnósticos feitos por outras instituições médicas. O procedimento,
que durava de três a quatro semanas, passou a ser feito de cinco a seis dias.

A documentação é digitalizada e disponibilizada na plataforma para que todos os
especialistas consigam analisá-la simultaneamente. O ganho para o paciente que
chega em estágio avançado da doença é muito grande, comenta Colella. “Um mês
pode significar perder a janela de tratamento.”

08/06/2021 Plataformas inteligentes apontam a melhor conduta | Suplementos | Valor Econômico

https://valor.globo.com/publicacoes/suplementos/noticia/2021/06/08/plataformas-inteligentes-apontam-a-melhor-conduta.ghtml 3/7
Agilidade nos exames de ressonância magnética, que normalmente são demorados,
barulhentos e desconfortáveis principalmente para quem sofre de claustrofobia, é
um dos benefícios proporcionados pelo IQMR, adquirido pelo Grupo Alliar. Até o fim
do ano, mais da metade das 100 máquinas da rede de laboratórios será equipada
com o software.

Além de reduzir pela metade o tempo de uma ressonância magnética, o sistema
melhora a qualidade da imagem. “Por meio de aprendizagem de máquina, o IQMR
consegue gerar imagem melhor que a apresentada no exame, permitindo a
identificação mais precisa de lesões”, diz Gustavo Meirelles, diretor médico do Alliar.

Desenvolvido por uma empresa de Israel, o IQMR começou a ser utilizado em
agosto do ano passado para se somar a outras soluções baseadas em IA que estão
no radar do Alliar. Uma delas é um sistema desenvolvido pela startup brasileira
Neuralmed, para diagnósticos automatizados em exames de ressonância,
tomografia e raio-X.
O arsenal do Grupo Alliar inclui uma solução de reconhecimento inteligente de voz
da Iara Health, desenvolvido para emissão de laudos de exames e redução da
margem de erros nos diagnósticos. As duas soluções estão em prova de conceito e a
expectativa é de que possam ser utilizadas em escala comercial este ano.

Com uma rede 6 mil laboratórios conveniados e um volume de 16 milhões de
exames realizados por mês, a Hermes Pardini está construindo a plataforma de
saúde Precision Care, para suportar uma série de aplicações digitais. Uma delas é a
de medicina personalizada, que pretende fazer com que seja o carro-chefe de suas
operações nos próximos cinco anos.

O primeiro passo é a consolidação de uma ampla base de dados, que aglutina
exames de alta complexidade nas especialidades de oncologia, doenças raras e
bioquímica genéricas, e exames clínicos, laboratoriais e por imagem dos pacientes.
Com o cruzamento dessas informações e aprendizagem de máquina, será possível
apontar tendências nos laudos emitidos para os médicos, segundo João Alvarenga,
diretor de tecnologia da informação e digital da empresa.

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